“Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente
social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o
sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas.”
Lucien Malson, “Les Enfants Sauvages”
O filme
“L’Enfant Sauvage d’Averyon” (O Menino Selvagem de Averyon), de Fraçois
Truffaut, baseado num caso verídico, relata a história de uma criança de onze
ou doze anos que foi capturada num bosque, tendo vivido afastada da sua espécie
e ficando depois à guarda do Dr. Jean Itard.
“O menino
Selvagem“ quando foi capturado, andava como um quadrúpede, tinha hábitos
anti-sociais, órgãos pouco flexíveis e a sensibilidade embotada, não falava,
não se interessava por nada e a sua face não mostrava qualquer tipo de
sensibilidade. Toda a sua existência se resumia a uma vida puramente animal.Assim, o seu isolamento condicionou a sua aprendizagem futura que, além do mais, deveria ter sido realizada durante a sua infância (época em que o seu cérebro apresentaria mais plasticidade, existindo uma facilidade de aprendizagem, socialização e interiorização dos comportamentos característicos da sua cultura).
Desta forma, o menino selvagem não só tinha que lutar contra o seu passado como contra a idade avançada para uma aprendizagem, muito provavelmente, sua desconhecida, sendo esta a razão porque, segundo Itard, “para ser julgado racionalmente, (o menino selvagem de Averyon) só pode ser comparado a ele próprio”.
Na minha opinião o Homem nasce inacabado e ao nascer numa sociedade específica aprende os valores, as normas, as crenças, os comportamentos dessa mesma sociedade, sendo, portanto, constantemente influenciado e moldado pelo tipo de cultura em que se irá desenvolver. Como se verificou com o desenvolvimento do menino selvagem que não foi sujeito a nenhum processo de socialização durante a infância, altura da vida em que a plasticidade cerebral atinge o seu auge e, portanto, cresceu sem cultura, sem qualquer tipo de regras ou crenças à volta das quais deveriam reger-se os seus comportamentos.
Por todas estas razões, sermos humanos é mais do que pertencermos a uma espécie de seres com determinada biologia e estrutura corporal, é um processo que engloba todos os tipos de interações sociais, dependendo dos diferentes contextos sociais e culturais particulares, onde aprendemos formas de ser e de nos comportarmos.
Para além deste caso,existem muitas outras crianças que vivem neste contexto social:
Ana joão nº3 12º A
Sem comentários:
Enviar um comentário