sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Plasticidade Cerebral



    A plasticidade cerebral define-se como a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em função das necessidades e dos factores do meio ambiente.

    Há alguns anos atrás, admitia-se que o tecido cerebral não tinha capacidade regenerativa e que o cérebro era definido geneticamente, ou seja, possuía um programa genético fixo caracterizado pela estabilidade das suas conexões que se diziam, na altura, imutáveis.  No entanto, não era possível explicar o facto de pacientes com lesões severas obterem, com técnicas de terapia, a recuperação de algumas funções.

     Porém, o aumento do conhecimento sobre o cérebro mostrou que este é muito mais maleável do que até então se imaginava, modificando-se sob o efeito da experiência, das percepções, das acções e dos comportamentos.

Alain Prochiantz, neuro-cientista, 
que se dedica à compreensão da
plasticidade do cérebro.
   Deste modo, podemos referir que a relação que o ser humano estabelece com o meio produz grandes modificações no seu cérebro, permitindo uma constante adaptação e aprendizagem ao longo de toda a vida. Assim, o processo da plasticidade cerebral torna o ser humano mais eficaz .

    A plasticidade cerebral explica o facto de certas regiões do cérebro poderem substituir as funções afectadas por lesões cerebrais. Como tal, uma função perdida devido a uma lesão cerebral tal como um tumor, AVC, etc...  pode ser recuperada por uma área vizinha da zona lesionada. Contudo, a recuperação de certas funções depende de alguns factores, como a idade do indivíduo, a área da lesão, a quantidade de tecidos afectados, os mecanismos de reorganização cerebral envolvidos . Para além destes factores, a terapia vai desenvolver um papel fundamental na recuperação do individuo.

     


PLASTICIDADE SINÁPTICA


     As sinapses são conexões (impulsos nervosos ) especializadas que permitem transmitir informação entre os neurónios. São, por isso, estruturas dinâmicas que governam e moldam o fluxo de informação do circuito nervoso .

  Sendo assim, a plasticidade sináptica consiste na capacidade de modificação por parte das redes neuronais. Ou seja, perante cada experiência nova do indivíduo, as sinapses são reforçadas ou alteradas, permitindo a aquisição de novas respostas ao meio ambiente.

   Por isso, a plasticidade sináptica constitui um mecanismo importante da plasticidade cerebral, permitindo igualmente que uma lesão ao nível da transmissão de informação neuronal seja recuperada através da criação de outras redes neuronais que possam "disfarçar" os danos causados pela lesão.
Para além de tudo já referido, é também esta plasticidade cerebral que vai proporcionar  a aprendizagem de cada individuo, uma vez que é graças à necessidade constante de resposta de cada individuo ao meio que este aprende. A aprendizagem é o principal instrumento de adaptação humana que se manifestará nas diversas vertentes sociais, cientificas, culturais, etc...





    IMPORTÂNCIA DA TERAPIA

     A reabilitação do cérebro lesionado pode promover a recuperação de circuitos neuronais danificados. Quando há uma pequena perda de conectividade neuronal, esta tende a ser recuperada de uma forma autónoma .

     No entanto, quando essa perda é de maior grau, tenderá a tornar-se uma perda permanente, daí a impossibilidade de recuperar certas funções depois de determinados acidentes ou doenças provocarem elevados danos neurológicos.

Criança em recuperação após lesão cerebral.
      Mesmo assim, em muitos casos, as lesões aparentemente irreparáveis podem tornar-se “parcialmente” recuperáveis, por exemplo, o caso de uma criança que esteve sequestrada pelo próprio pai durante 13 anos e não falava. Através de testes neurológicos descobriu-se que a área do cérebro responsável pelo controlo da linguagem estava menos desenvolvida, isto é, não tinha sido suficientemente estimulada durante o momento adequado para o desenvolvimento das estruturas cerebrais responsáveis pela linguagem. Contudo, submetida a uma terapia específica , a criança conseguiu recuperar, lentamente, formas elementares de comunicação verbal.

 Para este e muitos outros casos de lesões cerebrais, foi necessário um tratamento especifico, proporcionado por  diversos tipos de terapia (fisioterapia, psicoterapia, osteopatia, entre muitos outros), que mantêm níveis adequados de estímulos facilitadores e inibidores de funções nos neurónios.


http://cerebro.weebly.com/plasticidade-cerebral.html
Manual de Psicologia

Fernando Vieira