Não, durante o sono ocorrem vários processos metabólicos que, se
alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio
e, mesmo, a longo prazo. Estudos provam que quem dorme menos do que o
necessário tem menor vigor físico, envelhece mais precocemente, está mais
propenso a infeções, à obesidade, à hipertensão e a diabetes.
Um estudo realizado pela Universidade de Stanford, nos EUA, indivíduos que
não dormiam há 19 horas foram submetido a testes de atenção. Constatou-se que
eles cometeram mais erros do que pessoas com 0,8 g de álcool no sangue (quantidade
equivalente a três doses de whiskey). Igualmente, tomografias computadorizadas
do cérebro de jovens privados de sono mostram redução do metabolismo nas
regiões frontais (responsáveis pela capacidade de planejar e de executar
tarefas) e no cerebelo (responsável pela coordenação motora). Esse processo
leva a dificuldades na capacidade de acumular conhecimento e alterações do
humor, comprometendo a criatividade, a atenção, a memória e o equilíbrio.
O sono e as hormonas
A longo prazo, a privação do sono pode comprometer seriamente a saúde, uma
vez que é durante o sono que são produzidas algumas hormonas que desempenham
papéis vitais no funcionamento de nosso organismo. Por exemplo, o pico de
produção da hormona do crescimento (também conhecido como GH, de sua sigla em
inglês, Growth Hormone) ocorre durante a primeira fase do sono profundo,
aproximadamente meia hora após uma pessoa dormir.
Qual é o papel do GH? Entre outras funções, ela evita a acumulação de
gordura, melhora o desempenho físico e combate a osteoporose. Estudos provam
que pessoas que dormem pouco reduzem o tempo de sono profundo e, em consequência,
a fabricação da hormona de crescimento.
A leptina, hormona capaz de controlar a sensação de saciedade, também é
secretada durante o sono. Pessoas que permanecem acordadas por períodos
superiores ao recomendado produzem menores quantidades de leptina. Resultado: o
corpo sente necessidade de ingerir maiores quantidades de carboidratos.
Com a redução das horas de sono, a probabilidade de desenvolver diabetes
também aumenta. A falta de sono inibe a produção de insulina (hormona que
retira o açúcar do sangue) pelo pâncreas, além de elevar a quantidade de
cortisol, a hormona do stresse, que tem efeitos contrários aos da insulina,
fazendo com que se eleve a taxa de glicose (açúcar) no sangue, o que pode levar
a um estado pré-diabético ou, mesmo, ao diabetes propriamente dito. Num estudo,
homens que dormiram apenas quatro horas por noite, durante uma semana, passaram
a apresentar intolerância à glicose (estado pré-diabético).
Mas qual é a quantidade ideal de horas de sono? Embora essa necessidade
seja uma característica individual, a média da população adulta necessita de 7
a 8 horas de sono diárias.
Falando em crianças, é especialmente importante que
seja respeitado um período de 9 a 11 horas de sono, uma vez que, quando elas
não dormem o suficiente, ficam irritadiças, além de comprometerem o seu crescimento
(devido ao problema já mencionado sobre a diminuição da hormona de
crescimento), a aprendizagem e a concentração.
Se
alguém, adulto ou criança, dorme menos que o necessário, sua memória de curto
prazo não é adequadamente processada e a pessoa não consegue transformar em
conhecimento aquilo que foi aprendido. Em outras palavras: se alguém - adulto
ou criança - não dorme o tempo necessário, tem muita dificuldade para aprender
coisas novas.
Riscos provocados pela falta de sono a curto prazo: cansaço e sonolência durante o dia, irritabilidade, alterações repentinas
de humor, perda da memória de fatos recentes, comprometimento da criatividade,
redução da capacidade de planejar e executar, lentidão do raciocínio,
desatenção e dificuldade de concentração.
Riscos provocados pela falta de sono a longo prazo: falta de vigor físico,
envelhecimento precoce, comprometimento do
sistema imunológico, tendência a desenvolver obesidade, diabetes, doenças
cardiovasculares e gastro-intestinais e perda cronica da memória.
Vitor Alves