segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Prematuridade e Neotenia

Todos os animais nascem quando a sua maturação morfológica e fisiológica está praticamente concluída. Por outras palavras, nascem assim que estão suficientemente desenvolvidos para se adaptarem ao meio com alguma facilidade e para se tornarem independentes da progenitora. Os patrimónios genéticos dos animais proporcionam os elementos necessários para que os comportamentos destes seres vivos sejam orientados, de forma eficaz, em direcção à sobrevivência e à adaptação ao meio ambiente dos mesmos.
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Ao contrário dos animais, o ser humano nasce prematuro, visto que não apresenta capacidades desenvolvidas que permitam assegurar a sua sobrevivência, necessitando por isso de protecção por parte de adultos.
O Homem, ao nascer, apresenta um inacabamento biológico que se denomina por neotenia. Esta consiste num atraso no desenvolvimento que leva a que o indivíduo se desenvolva mais lentamente, ficando deste modo dependente dos adultos durante mais tempo. É através da imaturidade do bebé e do conceito de neotenia que é possível compreender que o facto da infância humana ser longa deve-se a esta corresponder ao período de finalização do desenvolvimento que ocorreu no interior do ventre materno.
O processo de desenvolvimento do cérebro, que se designa por cerebralização, está relacionado com o retardamento ontogenético, ou seja, com o prolongamento do período da infância e da adolescência. Os genes de desenvolvimento são os responsáveis pelo ser humano constituir um ser neoténico. Os traços próprios da infância e da adolescência são um exemplo de um reflexo da neotenia presente no adulto. A relação mãe-bebé, uma fase essencial no desenvolvimento, consiste noutro exemplo da manifestação de neotenia.
O prolongamento da infância e da adolescência, provocado pelo inacabamento biológico do ser humano e pela sua prematuridade, constitui a condição necessária para o seu processo de adaptação ao meio e desenvolvimento.

Diogo Macedo

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