Todos os animais nascem quando a
sua maturação morfológica e fisiológica está praticamente concluída. Por outras
palavras, nascem assim que estão suficientemente desenvolvidos para se
adaptarem ao meio com alguma facilidade e para se tornarem independentes da
progenitora. Os patrimónios genéticos dos animais proporcionam os elementos
necessários para que os comportamentos destes seres vivos sejam orientados, de
forma eficaz, em direcção à sobrevivência e à adaptação ao meio ambiente dos
mesmos.
Ao contrário dos animais, o ser
humano nasce prematuro, visto que não apresenta capacidades desenvolvidas que
permitam assegurar a sua sobrevivência, necessitando por isso de protecção por
parte de adultos.
O Homem, ao nascer, apresenta um
inacabamento biológico que se denomina por neotenia. Esta consiste num atraso
no desenvolvimento que leva a que o indivíduo se desenvolva mais lentamente,
ficando deste modo dependente dos adultos durante mais tempo. É através da
imaturidade do bebé e do conceito de neotenia que é possível compreender que o
facto da infância humana ser longa deve-se a esta corresponder ao período de
finalização do desenvolvimento que ocorreu no interior do ventre materno.
O processo de desenvolvimento do
cérebro, que se designa por cerebralização, está relacionado com o retardamento
ontogenético, ou seja, com o prolongamento do período da infância e da
adolescência. Os genes de desenvolvimento são os responsáveis pelo ser humano
constituir um ser neoténico. Os traços próprios da infância e da adolescência
são um exemplo de um reflexo da neotenia presente no adulto. A relação
mãe-bebé, uma fase essencial no desenvolvimento, consiste noutro exemplo da
manifestação de neotenia.
O prolongamento da infância e da
adolescência, provocado pelo inacabamento biológico do ser humano e pela sua
prematuridade, constitui a condição necessária para o seu processo de adaptação
ao meio e desenvolvimento.
Diogo Macedo
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