sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A inteligência


Será a inteligência herdada geneticamente ou será adquirida ao longo da vida?

 Por outras palavras, será que nascemos com a nossa capacidade de raciocinar ou de resolver problemas lógicos completamente desenvolvida? Ou será que esta inteligência não depende somente de aspectos genéticos e o meio ambiente também desempenha um papel importante?


 Na minha opinião, parece-me evidente que tal como muitas outras caraterísticas, a inteligência não foge à regra e está intimamente ligada aos processos hereditários, isto é, caraterísticas adjacentes à inteligência como o QI(quociente de inteligência) estão previstas nos nossos genes – genótipo – mas podem até não se demonstrar ao longo da vida, uma vez que tudo irá resultar de uma interação entre o genótipo e o meio ambiente em que o individuo se irá desenvolver – fenótipo.
 Ainda à vinte anos atrás afirmava-se que a inteligência era uma capacidade inata e o QI uma característica mais ou menos estável num sujeito, permanecendo constante até ao fim da vida. Porém, não é assim que se pensa hoje em dia. Aliás, lembro-me de ainda à pouco tempo ter lido num determinado artigo que um estudo sobre este assunto, desenvolvido por cientistas de universidades dos diferentes sítios do mundo, mostrava que : “Segundo os pesquisadores, quase todas as relações encontradas, até agora, entre a inteligência de uma pessoa e o seu ADN está muito mais ligada a mutações genéticas do que ao QI dos familiares das pessoas em estudo. Ainda assim, a maior parte das caraterísticas físicas como a massa corporal ou a cor da pele são herdados dos progenitores”. A partir deste pequeno excerto podemos concluir que o facto de termos uma boa capacidade de raciocínio não se deve apenas ao facto de os nossos pais serem inteligentes, como também às mutações que acontecem nos nossos genes e que nos permitem mudar a forma de pensar, aumentar a nossa capacidade de resolver problemas até uma determinada idade. E é aqui que é introduzido outro termo: a neotenia.
 A neotenia define-se, de um modo geral, como a capacidade de prolongar as caraterísticas da adolescência até a fase adulta, ou quem sabe, até mesmo à hora da morte. Isto é, prolongar a capacidade de alterar a nossa forma de pensar, coisa que não acontece com muita gente, que vê esta funcionalidade completamente desenvolvida por volta dos dezasseis, dezassete anos.
 Portanto, ainda estamos longe de atingir o consenso acerca de certas opiniões sobre o desenvolvimento da inteligência humana. Mas a verdade é que têm ocorrido desenvolvimentos no que toca a esta matéria durante os últimos anos, e algumas ideias falsas já foram, inclusive, refutadas. Assim, daqui a alguns anos, provavelmente, já seremos capazes de compreender conceitos que para já não somos capazes de interpretar com toda a certeza.

Fernando Vieira

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