Será a
inteligência herdada geneticamente ou será adquirida ao longo da vida?
Por outras palavras, será que
nascemos com a nossa capacidade de raciocinar ou de resolver problemas lógicos
completamente desenvolvida? Ou será que esta inteligência não depende somente
de aspectos genéticos e o meio ambiente também desempenha um papel importante?
Na minha opinião,
parece-me evidente que tal como muitas outras caraterísticas, a inteligência
não foge à regra e está intimamente ligada aos processos hereditários, isto é,
caraterísticas adjacentes à inteligência como o QI(quociente de inteligência)
estão previstas nos nossos genes – genótipo – mas podem até não se demonstrar
ao longo da vida, uma vez que tudo irá resultar de uma interação entre o
genótipo e o meio ambiente em que o individuo se irá desenvolver – fenótipo.
Ainda à vinte anos atrás afirmava-se que a
inteligência era uma capacidade inata e o QI uma característica mais ou menos
estável num sujeito, permanecendo constante até ao fim da vida. Porém, não é
assim que se pensa hoje em
dia. Aliás , lembro-me de ainda à pouco tempo ter lido num
determinado artigo que um estudo sobre este assunto, desenvolvido por
cientistas de universidades dos diferentes sítios do mundo, mostrava que :
“Segundo os pesquisadores, quase todas as relações encontradas, até agora,
entre a inteligência de uma pessoa e o seu ADN está muito mais ligada a
mutações genéticas do que ao QI dos familiares das pessoas em estudo. Ainda assim,
a maior parte das caraterísticas físicas como a massa corporal ou a cor da pele
são herdados dos progenitores”. A partir deste pequeno excerto podemos concluir
que o facto de termos uma boa capacidade de raciocínio não se deve apenas ao
facto de os nossos pais serem inteligentes, como também às mutações que
acontecem nos nossos genes e que nos permitem mudar a forma de pensar, aumentar
a nossa capacidade de resolver problemas até uma determinada idade. E é aqui
que é introduzido outro termo: a neotenia.
A neotenia define-se,
de um modo geral, como a capacidade de prolongar as caraterísticas da
adolescência até a fase adulta, ou quem sabe, até mesmo à hora da morte. Isto
é, prolongar a capacidade de alterar a nossa forma de
pensar, coisa que não acontece com muita gente, que vê esta funcionalidade completamente
desenvolvida por volta dos dezasseis, dezassete anos.
Portanto, ainda
estamos longe de atingir o consenso acerca de certas opiniões sobre o
desenvolvimento da inteligência humana. Mas a verdade é que têm ocorrido
desenvolvimentos no que toca a esta matéria durante os últimos anos, e algumas
ideias falsas já foram, inclusive, refutadas. Assim, daqui a alguns anos,
provavelmente, já seremos capazes de compreender conceitos que para já não
somos capazes de interpretar com toda a certeza.
Fernando Vieira
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