terça-feira, 4 de junho de 2013

AS EMOÇÕES


Até à década de 70, as emoções estiveram afastadas do núcleo central da reflexão sobre o comportamento humano e sobre a sociedade. Eram consideradas perturbadoras do modo de pensar e de agir, devido a serem irracionais. No entanto, tal concepção foi ultrapassada, as emoções passaram a ser encaradas como processos com valor adaptativo, fundamentais no ato de decidir.
Por experiência pessoal, reconhecemos que é possível perceber, se por exemplo, a nossa mãe já teve conhecimento de uma situação menos agradável em que nos encontramos envolvidos, mesmo sem abordarmos o assunto: as expressões faciais, a entoação da sua voz, a postura do corpo podem denunciar as suas emoções.
Assim, é possível concluir que as emoções estão presentes nas interacções sociais, acompanhando ou até substituindo a expressão linguística.
No inicio da vida, as emoções adquirem um papel fundamental. Tal como já abordamos nas aulas, o ser humano quando nasce esta desprovido da possibilidade de sobreviver sozinho. O seu carácter prematuro torna-o dependente dos adultos que dele cuidam. Para superar essa dependência o bebe, utiliza as emoções para comunicar com a mãe, elaborando um sistema de trocas através de gestos e mímicas. Os sinais emocionais-sorriso, choro, grito-constituem um sistema de comunicação precoce que permite ao bebé levar o adulto a participar na sua sensibilidade e a obter as respostas necessárias ao seu bem estar e à sua sobrevivência.
Podemos, deste modo afirmar que, as emoções possuem um valor adaptativo  porque são sinalizadoras de determinados estados.
A relação intima das relações com os valores, as ideias e os princípios tornam as emoções exclusivamente humanas.
No geral, as emoções são processos desencadeados por um acontecimento, pessoa, situação, que é objecto de avaliação cognitiva nem sempre consciente. A emoção é uma experiência subjectiva que pode ser acompanhada por reacções orgânicas (ex:modificação do ritmo cardíaco) e pode traduzir-se por uma tendência para a acção, como, por exemplo, a fuga, em caso de medo.


HÁ DOIS TIPOS DE EMOÇÕES:


Emoções primarias: São as que aparecem desde muito cedo na infância, sendo consideradas inatas e úteis para uma reacção rápida. Cabe ao sistema límbico o desencadeamento deste tipo de emoções.

Exemplo: alergia, tristeza, medo...





Emoções secundarias: São as que se experimentam mais tarde. Implicam uma avaliação cognitiva das situações e o recurso a aprendizagens feitas. Neste tipo de emoções estão envolvidas as áreas do córtex pré-frontal.
Exemplo: vergonha, ciume, culpa, orgulho....





PERSPECTIVAS SOBRE AS EMOÇÕES



Perspectiva fisiológica: Tem como interesse fundamental o estabelecimento da relação entre o corpo e a mente, que se influenciam mutuamente.

Esta perspectiva explica que face a uma situação de perigo, eu não fujo porque tenho medo, eu tenho medo porque fujo. É o tomar das pernas a tremer, do coração a bater e da respiração ofegante que me faz ter medo. Assim, as emoções resultam das percepções do estado do corpo, das mudanças provocadas por estímulos particulares.




Perspectiva cognitivista: Defende que existe uma relação entre o que pensamos e o que sentimos, entre os nosso processos cognitivos e as emoções. As nossas cognições são um elemento fundamental no desencadeamento das emoções. É o modo como eu encaro uma situação, como a interpreto, que causa a emoção, e não a situação ou o acontecimento propriamente ditos.
Exemplo: Zango-me com uma pessoa porque interpreto o seu comportamento como ofensivo. Não é o comportamento da pessoa em si que provoca a minha raiva, mas o facto de eu o interpretar como tal.



Perspectiva culturalista: As emoções são comportamentos aprendidos no processo de socialização.  Considerando que as emoções são, como a linguagem, uma construção social e, como tal, necessitam de ser aprendidas. A cada cultura correspondem diferentes emoções e diferentes formas de as exprimir.

Exemplo: Em algumas culturas, não se admite que os homens chorem, enquanto noutras as expressão das emoções pelo choro é valorizada.



A RAZÃO E A EMOÇÃO POR ANTÓNIO DAMÁSIO

As emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão, de facto encontram se envolvidos nos processos de decisão.
António Damásio, considera que a selecção das melhores opções não é necessariamente produzida através do raciocínio. Omite-se a existência de um mecanismo que cria um reportório que orienta as diferentes opções para a selecção.
Durante muito tempo, considerou-se que para que a melhor decisão fosse tomada, as emoções teriam que ficar de fora porque só prejudicariam a escolha da melhor opção. Damásio chama atenção para o facto de que a análise de todas as possibilidades e as respectivas consequências lógicas inviabilizariam qualquer decisão. A analise rigorosa de cada hipótese levaria tanto tempo que a opção escolhida deixaria de ser oportuna, ou, então, perder-nos-íamos nos cálculos das vantagens e das desvantagens.

" O organismo tem algumas razões que a razão tem de utilizar"-António Damásio









Bárbara Monteiro Nº5